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Um Mergulho na História | Por Alexandre Monteiro

Neste dia 19 de Abril, o naufrágio da lancha de pesca «Tentadora»

 O mar da região de Peniche, particularmente traiçoeiro nas zonas da Consolação e do Cabo Carvoeiro, é conhecido pela rebentação irregular e fortes correntes, que se tornam mortais em dias de vento súbito.

Na tarde de 19 de Novembro de 1943, ao largo da Praia da Consolação, em Peniche, uma súbita rajada de vento virava a lancha de pesca “Tentadora”, da freguesia de Ribamar, concelho da Lourinhã.

A bordo da pequena embarcação seguiam quatro homens. Dois deles, o mestre Fortunato Joaquim e o seu camarada Jacinto Platino, foram levados pela corrente e morreram afogados. Os restantes conseguiram salvar-se agarrando-se à quilha da lancha virada, onde permaneceram mais de três horas, até serem recolhidos por uma traineira de Peniche, a “Filipa de Lencastre” que os levou para o porto de Peniche.

A “Tentadora” não era um caso isolado. Era uma entre as muitas lanchas de pequeno porte que, em plena Segunda Guerra Mundial, saíam diariamente para o mar no cumprimento de um esforço económico nacional cada vez mais exigente: garantir o abastecimento de peixe à indústria conserveira, num período em que as conservas portuguesas se haviam tornado um produto estratégico de exportação.

Entre 1939 e 1945, Portugal, mantendo-se oficialmente neutro, fornecia conservas de peixe a países beligerantes, em particular ao Reino Unido, mas também à Alemanha, em função da complexa teia de compromissos diplomáticos e acordos comerciais bilaterais. Em 1943, vivia-se o auge dessa pressão: os portos e fábricas costeiras, de Matosinhos a Olhão, operavam sem cessar, exigindo um fluxo contínuo de matéria-prima que só as frotas de pesca artesanal podiam garantir.

O Estado Novo, reconhecendo a importância económica e simbólica do sector, promoveu medidas de apoio ao esforço industrial e logístico: celebração de contratos exclusivos, abastecimento preferencial de recursos essenciais, e até a valorização do preço do pescado nas lotas, com vista a incentivar os pescadores. Mas, na prática, isso traduziu-se também num risco acrescido para quem vivia do mar: muitas das embarcações continuavam modestas, com equipamentos de salvamento rudimentares e pouca protecção contra as intempéries ou o mar grosso - sobretudo em regiões como Peniche, onde a rebentação irregular e as correntes instáveis transformavam qualquer alteração súbita do tempo num perigo mortal.

O naufrágio da “Tentadora” mostra a face oculta do esforço de guerra português: uma economia de neutralidade que dependia da resistência anónima de homens do mar, muitas vezes forçados a arriscar a vida para alimentar fábricas, contratos e estatísticas. Para Fortunato Joaquim e Jacinto Platino, não houve medalhas nem louros. O mar ficou com eles - silencioso, eterno, indiferente.

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Colaboração de Alexandre Monteiro com a APP, texto respigado da página que o autor mantém no Facebook, intitulada "Um Mergulho na História".
Nesse espaço, o arqueólogo náutico e subaquático, também investigador universitário, mantém a secção "Um naufrágio por dia".
É dessa secção que respigamos o texto que aqui publicamos.

"Um Mergulho na História" trata de "Naufrágios portugueses no Mundo, património cultural subaquático de Portugal e Ilhas, arqueologia náutica e subaquática, piratas, corsários e tesouros, reais, percepcionados e imaginários submersos".
A visitar em https://www.facebook.com/mergulho.historia

Alexandre Monteiro é arqueólogo náutico e subaquático, investigador do HTC-CFE da Universidade Nova de Lisboa e membro da Academia de Marinha.

É pós-graduado em Mergulho Científico, instrutor de mergulho e mergulhador profissional, tendo projectos de arqueologia com as autarquias de Alcácer do Sal, Lagos e Esposende e, no estrangeiro, nos Emirados Árabes Unidos e na Austrália.

É consultor da UNESCO, do governo de Cabo Verde e da Missão de Combate aos Crimes contra o Património Cultural da OSCE.

É, há 25 anos, o criador das bases de dados relativos a naufrágios históricos de Portugal Continental, Açores e Madeira, bem como de Omã e Cabo Verde.

 

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