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Um Mergulho na História | Por Alexandre Monteiro

Neste dia 9 de Abril, o naufrágio do «Newton»

 Construído em 1864 nos estaleiros Macnab & Co., em Greenock, o vapor de carga britânico “Newton” era um produto da engenharia industrial vitoriana, com casco em ferro e um motor a vapor simples que em 1870 seria modernizado por troca com um motor composto da Forrester.

Com 1329 toneladas de arqueação bruta, o navio foi lançado ao mar a 18 de Outubro de 1864, tendo iniciado logo a sua carreira ao serviço da Lamport and Holt & Co., de Liverpool, partindo, a 16 de Dezembro do mesmo ano, na sua primeira viagem para a América do Sul.

Durante quase duas décadas, o “Newton” ligou regularmente Liverpool a destinos como o Brasil, o rio da Prata e as Caraíbas, transportando cargas como café, açúcar e cacau. Em 1865, passou para a frota da Liverpool, Brazil & River Plate Steam Navigation Company Ltd., mantendo sempre como porto de registo a cidade de Liverpool. Ao longo da sua carreira, o vapor sofreu apenas um incidente grave antes do seu fim: uma colisão no rio Mersey, em Setembro de 1880, com o vapor grego “Agia Sofia”, que ficou severamente danificado.

Mas a 9 de Abril de 1881, quando seguia de regresso do Rio de Janeiro para Londres, a sorte do “Newton” esgotou-se. Após fazer escala na ilha da Madeira e ancorar ao largo do Funchal, o vapor retomou viagem às 5 da manhã, com bom tempo e mar calmo. Transportava cerca de 1200 toneladas de açúcar, café e outras mercadorias, sendo tripulado por 31 homens.

Ao tentar dobrar o extremo leste da ilha, o capitão Robert James Arscott decidiu seguir próximo da costa, guiando-se pela silhueta do farol da Ponta de São Lourenço. Foi esse erro de julgamento que ditou o fim da embarcação. Sem recorrer à sonda de fio de prumo e sem tomar a marca do farol, como exigido pelas boas práticas de navegação, o “Newton” embateu com violência no recife de Forerunner Rock, a actual baixa da Badajeira, junto ao ilhéu de Fora, uma zona bem conhecida pela sua perigosidade. Aliás, a baixa era chamada Forerunner Rock pelos britânicos porque em 1854 lá se perdera o vapor “Forerunner”, com uma caixa grande cheia de soberanos em ouro…

O impacto no “Newton” foi devastador. A água invadiu o porão e, em menos de 15 minutos, a embarcação começou a adornar, ficando presa na rocha pelo meio do navio. O capitão e a tripulação conseguiram evacuar o navio com segurança.

Os proprietários receberam os seguintes telegramas:
- “Madeira, 9 de Abril: “Newton” encalhou numa rocha ao largo de Fora às 14:25; a tripulação abandonou o navio em botes; a embarcação afunda-se rapidamente.”
- “Madeira, 10 de Abril: rebocador partiu no sábado para East Point; encontrou o “Newton” fora da rocha Forerunner, a um quarto de milha ao largo de Fora, cheio de água; mar calmo; água a lavar o convés à popa do lado de bombordo. A embarcação deverá partir e afundar-se em águas profundas à primeira agitação do mar. Tripulação em quarentena em Loo Rock. As autoridades proíbem tocar na carga sem reunir a Junta de Saúde amanhã. A tomar todas as medidas possíveis no vosso interesse. Rebocador no local para evitar a ida a pique.”
Nos dias seguintes, um rebocador e 150 homens da terra ajudaram a salvar pelo menos 1000 sacas de café. O navio perdeu-se por completo, mais tarde, indo a pique.

Uma investigação formal foi aberta em Liverpool, nos dias 5 e 6 de Maio de 1881, no St. George’s Hall. O tribunal, presidido pelo juiz Stamford Raffles, concluiu que o naufrágio se devera inteiramente a erro do comandante. Este foi considerado culpado, por ter navegado demasiado perto da costa sem necessidade, por ter não ter feito sondagens e por ter manobrado de forma arriscada quando o recife estava já à vista.

Como penalização, o tribunal suspendeu o certificado do capitão Arscott por seis meses. Apesar da sua experiência e bom historial anterior, os erros cometidos nesta viagem foram considerados graves o suficiente para justificar a medida.

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Colaboração de Alexandre Monteiro com a APP, texto respigado da página que o autor mantém no Facebook, intitulada "Um Mergulho na História".
Nesse espaço, o arqueólogo náutico e subaquático, também investigador universitário, mantém a secção "Um naufrágio por dia".
É dessa secção que respigamos o texto que aqui publicamos.

"Um Mergulho na História" trata de "Naufrágios portugueses no Mundo, património cultural subaquático de Portugal e Ilhas, arqueologia náutica e subaquática, piratas, corsários e tesouros, reais, percepcionados e imaginários submersos".
A visitar em https://www.facebook.com/mergulho.historia

Alexandre Monteiro é arqueólogo náutico e subaquático, investigador do HTC-CFE da Universidade Nova de Lisboa e membro da Academia de Marinha.

É pós-graduado em Mergulho Científico, instrutor de mergulho e mergulhador profissional, tendo projectos de arqueologia com as autarquias de Alcácer do Sal, Lagos e Esposende e, no estrangeiro, nos Emirados Árabes Unidos e na Austrália.

É consultor da UNESCO, do governo de Cabo Verde e da Missão de Combate aos Crimes contra o Património Cultural da OSCE.

É, há 25 anos, o criador das bases de dados relativos a naufrágios históricos de Portugal Continental, Açores e Madeira, bem como de Omã e Cabo Verde.

 

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