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Um Mergulho na História | Por Alexandre Monteiro

A 15 de Março, o afundamento do «Dago»

O “Dago” era um navio a vapor britânico, construído em 1902, na cidade de Dundee, Escócia, pelos estaleiros Caledon Shipbuilding & Engineering, Co. Ltd.

Encomendado pela Wilson Line, um dos grandes nomes da navegação britânica, o navio foi inicialmente registado no porto de Hull, Inglaterra, em nome de Wilson, Sons & Co. Ltd.

Com 85,5 metros de comprimento) e 1757 toneladas brutas, era fabricado em aço, estando equipado com duas caldeiras de 200 libras de pressão e um motor a vapor de tripla expansão, capaz de fazer o navio alcançar uma velocidade máxima de 11,5 nós.

Ao longo da sua história, foi submetido a várias intervenções, incluindo um aumento de tonelagem em 1909 e uma grande recuperação em 1930, já sob posse da Ellerman Wilson Line.

Durante a Grande Guerra e a Segunda Guerra Mundial, o “Dago” foi requisitado para o esforço de guerra britânico, transportando carga geral entre Gibraltar e Liverpool, escalando portos como Lisboa e Leixões. Apesar de ser uma embarcação já tecnologicamente ultrapassada em 1942, continuava a operar em rotas estratégicas.

No dia 15 de Março de 1942, o Dago partiu de Lisboa com destino a Leixões, transportando 300 toneladas de carga. Na sua derradeira viagem, o “Dago” seguia tripulado por 37 homens, neste número se incluindo 6 artilheiros da Marinha Britânica, responsáveis pelo armamento defensivo a bordo, composto por metralhadoras Marlin, Hotchkiss, uma Lewis, um Holman Projector e dois lança-foguetes P.A.C.

Era uma tarde de céu nublado e vento forte, e a tripulação, já apreensiva, teve um primeiro encontro com um avião britânico Short Sunderland, sobre o qual dispararam por engano.

Às 18:00, quando navegava ao largo do cabo Carvoeiro, um segundo avião foi avistado, desta vez um Focke-Wulf Fw 200 Condor da Luftwaffe, que se aproximava do navio. A tripulação britânica assumiu posições defensivas, disparando as munições antiaéreas que tonha – os dois foguetes P.A.C. e o Holman Projector - sem sucesso.

O Condor alemão, então, atacou. Na terceira passagem, disparou com os seus canhões e lançou três bombas. A primeira destruiu o castelo da proa, a segunda atingiu a ponte e o sistema de emergência do motor, e a terceira penetrou o porão n.º 2, que estava vazio. O “Dago “começou a meter água rapidamente e afundou-se em apenas cinco minutos.

A tripulação conseguiu lançar os botes salva-vidas, mas um deles ficou preso e foi atingido pela hélice do navio enquanto este afundava. Embora quatro tripulantes tenham ficado feridos, todos os 37 homens foram resgatados cerca de uma hora depois pelo salva-vidas “Almirante Sousa e Faro”, de Peniche, auxiliado por pescadores locais.

O ataque ao “Dago”, realizado tão próximo da costa portuguesa, causou um incidente diplomático entre Portugal e o Reino Unido, já que Portugal era um país neutro na Segunda Guerra Mundial e a presença do Condor alemão sobre espaço aéreo português foi considerada uma violação da soberania nacional.

Durante décadas, o local do naufrágio do “Dago” permaneceu uma incógnita, apesar dos relatos de pescadores de Peniche, que mencionavam um "peguilho" no “mar da bóia”.

Em 2005, guiados pela investigação pioneira de Paulo Costa, uma equipa de mergulhadores técnicos iniciou uma investigação para identificar o “Dago” e distingui-lo de outro naufrágio localizado a 500 metros de distância, também ao largo de Peniche. Utilizando técnicas de arqueografia subaquática, os mergulhadores mapearam os destroços, comparando medições estruturais com os planos de construção originais do navio.

As evidências revelaram que um dos destroços correspondia, de facto, ao “Dago”, enquanto o outro pertencia a um navio ainda não identificado. Fragmentos da carga original do “Dago”, incluindo rolos de linóleo e frascos de vidro, foram recuperados para estudo.

A história do naufrágio foi documentada e apresentada num programa transmitido pela RTP2, em 2007, com imagens captadas entre 2005 e 2006. Apesar da sua importância histórica, os destroços continuam vulneráveis à degradação e à ação de caçadores de relíquias.

A 25 de Julho de 2009, uma expedição de mergulho técnico ao “Dago” terminou em tragédia. O mergulhador Nuno Leal, de 30 anos, desapareceu enquanto explorava os destroços, entre os 40 e 50 metros de profundidade. Durante a imersão, sentiu-se indisposto e não conseguiu regressar à superfície.

Uma operação de busca massiva foi realizada, envolvendo meios aéreos, aquáticos e terrestres, com um total de 170 pessoas. Após cinco dias de buscas infrutíferas, as operações foram suspensas e realizou-se uma cerimónia fúnebre simbólica no mar.

Três anos depois, em maio de 2012, o corpo de um mergulhador foi avistado nos destroços do “Dago” por Artur Sarmento, um mergulhador técnico que participava numa outra expedição ao naufrágio. A descoberta foi comunicada às autoridades, e a Marinha Portuguesa organizou uma operação de resgate sigilosa, removendo o corpo de 49 metros de profundidade.

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Colaboração de Alexandre Monteiro com a APP, texto respigado da página que o autor mantém no Facebook, intitulada "Um Mergulho na História".
Nesse espaço, o arqueólogo náutico e subaquático, também investigador universitário, mantém a secção "Um naufrágio por dia".
É dessa secção que respigamos o texto que aqui publicamos.

"Um Mergulho na História" trata de "Naufrágios portugueses no Mundo, património cultural subaquático de Portugal e Ilhas, arqueologia náutica e subaquática, piratas, corsários e tesouros, reais, percepcionados e imaginários submersos".
A visitar em https://www.facebook.com/mergulho.historia

Alexandre Monteiro é arqueólogo náutico e subaquático, investigador do HTC-CFE da Universidade Nova de Lisboa e membro da Academia de Marinha.

É pós-graduado em Mergulho Científico, instrutor de mergulho e mergulhador profissional, tendo projectos de arqueologia com as autarquias de Alcácer do Sal, Lagos e Esposende e, no estrangeiro, nos Emirados Árabes Unidos e na Austrália.

É consultor da UNESCO, do governo de Cabo Verde e da Missão de Combate aos Crimes contra o Património Cultural da OSCE.

É, há 25 anos, o criador das bases de dados relativos a naufrágios históricos de Portugal Continental, Açores e Madeira, bem como de Omã e Cabo Verde.

 

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