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LEONÍDIO PAULO FERREIRA
Magalhães, Magallanes, Magellan
Bastião católico da Ásia, cuja primeira missa foi lá celebrada por iniciativa de Fernão de Magalhães, as Filipinas têm como herói Lapu Lapu, o chefe dos guerreiros que mataram o navegador português na ilha de Mactan a 27 de abril de 1521, faz esta terça-feira 500 anos. Só quem desconhece a complexidade da história pode achar uma contradição o sentimento dos filipinos, que, aliás, não hesitam em considerar o português ao serviço da coroa espanhola também uma das mais admiráveis figuras do passado do seu país.
Também pode parecer contraditória a admiração de Portugal por um navegador que, após grande serviço a D. Manuel I, acabou a trabalhar para Carlos V. Não só Magalhães pôs os conhecimentos ao serviço de uma coroa rival, como todo o projeto da sua expedição atentava contra os interesses da pátria, pois consistia em navegar até às Molucas por ocidente e provar que as chamadas ilhas das especiarias estavam do lado espanhol da linha imaginária definida pelo Tratado de Tordesilhas (afinal, não estavam). Uma vez mais a complexidade da história das nações vem ao de cima. Como poderiam os portugueses rejeitar alguém que dá nome a galáxias, a projetos espaciais da NASA, ao estreito que liga o Atlântico ao Pacífico, à região mais meridional do Chile, a sistema de GPS, a agências de viagem, a empresas de todo o tipo, sobretudo as que pretendem ser pioneiras. Magalhães, Magallanes, Magellan, seja como for que se pronuncie, é um nome poderoso, associado a Portugal.
E merece Magalhães tanta admiração, dos portugueses e não só, quando se sabe o quão rude era, despótico, no fundo um homem do século XVI que combateu em Marrocos e um pouco por toda a Ásia e sempre se impôs até morrer numa escaramuça nas Filipinas? Merece, com certeza. Como ainda nas celebrações do 25 de Abril assinalou o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, não se pode olhar para o passado com os olhos do presente. Como não admirar o homem que nos ajudou a conhecer a Terra tal como ela é? Como não admirar o marinheiro que, contrariando uma tripulação assustada com as dificuldades do mar e atiçada pelos capitães espanhóis, conseguiu através da sua liderança descobrir o estreito que leva o seu nome e depois cruzar todo o oceano Pacífico, que lhe deve o nome? Nunca foi objetivo da viagem a circum-navegação, por causa de metade do planeta ser portuguesa e Carlos V ter proibido que nela se navegasse (Elcano desobedeceu, para regressar), mas na realidade Magalhães foi o primeiro a ter noção pessoal da esfericidade do planeta, em duas partes, é certo, quando foi ao Oriente ao serviço de Portugal e quando lá regressou ao serviço de Espanha.
Como não ver grandiosidade em alguém, português ou não, como nota o biógrafo José Manuel Garcia, que "de facto só à sua conta descobriu metade da circunferência da Terra, entre o rio da Prata e as Filipinas, numa distância que medida no equador ronda os 20 mil quilómetros"?
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