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Notícias

FERNÃO DE MAGALHÃES

Raízes de um soldado e aventureiro

Talvez a maior polémica em torno de Fernão de Magalhães, na forma como em Portugal é evocado, seja a que se relaciona com o lugar onde ele nasceu. Tem isso alguma importância quando o que nos interessa é o que ele fez enquanto militar e navegador? Absolutamente nenhuma, mas, quando vemos o assunto sob as perspetivas dos poderes locais da atualidade, o caso muda substancialmente de figura.

Muitas consultas online, por exemplo, darão como certo que o navegador nasceu em Sabrosa, no distrito de Vila Real, mas, se alguma certeza há a respeito do berço de Magalhães é esta: ele não nasceu em Sabrosa nem lá perto. E quando nasceu? Também não se sabe, estima-se que foi por volta de 1480. Certo é que morreu no dia 27 de abril de 1521, em Mactan, nas Filipinas. E que era sábado.

Já foi demonstrado pela historiografia que a ideia do nascimento em Sabrosa resulta de falsificações documentais e não faz sentido, mas não há certezas absolutas quanto ao local onde de facto nasceu. É muito provável que tenha sido em Ponte da Barca, mas também poderá ter sido no Porto, ou em Gaia... Na realidade, não é o que mais interessa, embora a Sabrosa não possa ser retirado mérito pela promoção do estudo e divulgação da figura do navegador.


Nascido na pequena nobreza do Entre Douro e Minho, num tempo em que esta buscava fortuna (ou subsistência) ao serviço de patronos, incluindo a casa real, o futuro navegador entrou na adolescência ao serviço da casa da rainha D. Leonor, como pajem. Foi em 1492, isto é, no ano em que Colombo chegou à América. Ali permaneceu durante 13 anos. Como escreve Amândio Barros, “neste círculo senhorial influente, foi preparado para servir a Coroa nos lugares que abriam perspetivas de futuro e de fortuna: os espaços do império”.

Embarcou para o Oriente em 1505, na armada que levava à Índia D. Francisco de Almeida, o primeiro vice-rei, e por aquelas bandas permaneceu durante oito anos, participando em diversas campanhas militares e chegando a integrar o conselho de Afonso de Albuquerque.

Participou na reconquista de Goa e esteve presente na tomada de Malaca, por exemplo, mas não há registo de que tenha ido na primeira expedição portuguesa às Molucas, ordenada por Afonso de Albuquerque, na qual seguiu, como se lê no texto principal deste trabalho, o amigo (e eventualmente primo) Francisco Serrão. Regressado ao Reino sem fortuna, Magalhães retomou a carreira das armas e participou, ao serviço do duque de Bragança, na conquista de Azamor, no Norte de África, campanha em que ficou ferido numa perna e passou por isso a coxear.

Nessa campanha acabou por ser nomeado quadrilheiro, responsável pela partilha de presas, mas uma acusação de contrabando de gado com os mouros marcou-o para sempre. Toda a história subsequente está relatada no texto que dedicamos à viagem de circum-navegação, que, em rigor, deve ser designada viagem de Magalhães/Elcano.

FONTE