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Notícias
Um Mergulho na História | Por Alexandre Monteiro
Neste dia de 22 de Janeiro, o naufrágio do NRP «Fataça»
A Classe Azevia era composta por lanchas de fiscalização construídas no Arsenal do Alfeite, em Portugal, durante os anos de 1941 a 1945, em plena Segunda Guerra Mundial, concebidas com o objetivo de fortalecer a capacidade da Marinha de Guerra Portuguesa na fiscalização das atividades piscatórias ao largo da costa de Portugal Continental.
A classe recebeu o nome de Azevia, sendo os navios batizados com nomes de peixes, seguindo a ordem alfabética para indicar a sequência de lançamento. O último navio desta classe a ser lançado foi o NRP “Fataça”, em 1945, encerrando-se assim a construção das embarcações desta série.
As lanchas tinham um deslocamento de 275 toneladas, com um comprimento de 42 metros e uma boca de 6,5 metros. Eram propulsionadas por dois motores a diesel com uma potência combinada de 2.400 cavalos, transmitida a dois veios, o que lhes permitia atingir uma velocidade máxima de 17 nós (cerca de 31 km/h).
Cada lancha era equipada com dois canhões de 20 mm e duas metralhadoras 7,92 mm, sendo ideal para operações de fiscalização e pequenas missões de defesa costeira. A tripulação padrão era composta por 30 marinheiros, refletindo o tamanho relativamente compacto destas embarcações.
Como ficou dito, o NRP “Fataça” foi a última unidade da Classe Azevia a ser construída, sendo lançada ao mar em 1945. Como as restantes lanchas da classe, destacou-se principalmente na fiscalização das pescas, mas também participou em operações de patrulha e salvaguarda da soberania portuguesa nas águas nacionais.
Em 1949, pela meia noite do dia 22 de Janeiro, o NRP “Fataça” encalhou nos rochedos da ponta de Sines, a dez metros da praia.
Comandada pelo Segundo-tenente Olegário Baptista Borges, tendo como guarnição mais 4 oficiais, 8 sargentos e 18 praças, a “Fataça” imediatamente ficou muito adornada e espetada em duas agulhas de rocha que lhe perfuraram o fundo.
Vista a gravidade da situação, de bordo foram então lançados foguetes e disparadas rajadas de metralhadora para pedir socorro, tendo dois tripulantes desembarcado para contactarem com o farol de Sines.
Avisada Setúbal por táxi, vários meios chegaram a Sines, para tentar ajudar no salvamento da lancha. Entre estes meios contavam-se o vapor dos pilotos de Setúbal, a canhoneira “Faro”, o barco de socorros “Altair”, o rebocador “Cabo da Roca” e o navio-patrulha “Santa Maria”.
No dia 24 de Janeiro, chegou a Sines o capitão-tenente engenheiro construtor naval Júlio Ferreira David, que fora encarregado pela Majoria General da Armada de estabelecer, e dirigir, o plano de salvamento da vedeta.
No entanto, mesmo aliviando o navio de tudo o que pudesse sair e calafetando os rombos, o salvamento foi impossível, tendo sido declarada como perda total.
As restantes lanchas da Classe Azevia permaneceram em serviço por 35 anos, entre 1941 e 1976, desempenhando um papel fundamental na proteção das águas portuguesas e no apoio às atividades piscatórias.
Com o progresso da tecnologia naval, estas embarcações foram gradualmente substituídas por navios mais modernos, mas o seu contributo para a história da Marinha Portuguesa e para a fiscalização das águas costeiras permanece uma parte importante do legado marítimo nacional.
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Colaboração de Alexandre Monteiro com a APP, texto respigado da página que o autor mantém no Facebook, intitulada "Um Mergulho na História".
Nesse espaço, o arqueólogo náutico e subaquático, também investigador universitário, mantém a secção "Um naufrágio por dia".
É dessa secção que resgigamos o texto que aqui publicamos.
"Um Mergulho na História" trata de "Naufrágios portugueses no Mundo, património cultural subaquático de Portugal e Ilhas, arqueologia náutica e subaquática, piratas, corsários e tesouros, reais, percepcionados e imaginários submersos".
A visitar em https://www.facebook.com/mergulho.historia
Alexandre Monteiro é arqueólogo náutico e subaquático, investigador do HTC-CFE da Universidade Nova de Lisboa e membro da Academia de Marinha.
É pós-graduado em Mergulho Científico, instrutor de mergulho e mergulhador profissional, tendo projectos de arqueologia com as autarquias de Alcácer do Sal, Lagos e Esposende e, no estrangeiro, nos Emirados Árabes Unidos e na Austrália.
É consultor da UNESCO, do governo de Cabo Verde e da Missão de Combate aos Crimes contra o Património Cultural da OSCE.
É, há 25 anos, o criador das bases de dados relativos a naufrágios históricos de Portugal Continental, Açores e Madeira, bem como de Omã e Cabo Verde.
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