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Um Mergulho na História | Por Alexandre Monteiro

O naufrágio do brigue francês «Adele» na praia da Areosa, Viana de Castelo (1871)

No final do século XIX, e no contexto da colonização da Argélia, o porto de Annaba - então conhecido como Bona - desempenhava um papel crucial para a França. A sua importância derivava, sobretudo, da sua posição estratégica no Mediterrâneo e da sua contribuição económica para a metrópole francesa.

Annaba era um ponto-chave para a exportação de recursos naturais argelinos, essenciais para a crescente industrialização francesa, especialmente o minério de ferro, extraído das minas do interior, particularmente da região de Tebessa, que era transportado até ao porto de Annaba para ser enviado para a França.


Além disso, produtos agrícolas, como trigo, azeite, frutas e cortiça, provenientes das florestas de sobreiros da região, eram exportados em grandes quantidades, abastecendo os mercados franceses e impulsionando indústrias como a vinícola, que utilizava a cortiça nos processos de produção.

Para além do seu papel económico, o porto de Annaba era também estratégico para os interesses militares franceses. Funcionava como uma base logística para o envio de tropas, equipamentos e suprimentos necessários ao controlo da região e à repressão de resistências locais.

Paralelamente, o porto desempenhou um papel fundamental no estímulo à colonização europeia, servindo como porta de entrada para os colonos franceses que se instalaram na região para explorar os seus recursos e desenvolver atividades comerciais O porto foi então alvo de modernizações e ampliação, durante este período, de modo a responder ao aumento do fluxo de navios e mercadorias, consolidando-se como um dos mais importantes da Argélia colonial.

O "Adele" era um brigue francês, registado no porto de Saint-Malo, na Bretanha, e era uma das pequenas engrenagens do mecanismo colonial extrativo francês.

Em Dezembro de 1870, este brigue partiu de Annaba, carregado de minério de ferro, com destino a Dunquerque, no norte de França.

No entanto, após 28 dias no mar, ajoujado com uma carga pesadíssima, o "Adele" fez água aberta, pelo que o brigue foi tendo cada vez mais, e maiores, infiltrações de água no casco.

Durante 4 dias, a tripulação lutou desesperadamente para manter o navio a flutuar, na esperança de chegar à costa portuguesa, para a poder encalhar em terra, em segurança.

No entanto, no dia 18 de Dezembro de 1871, o mar revolto e os ventos fortes empurraram o "Adele" de encontro à praia da Areosa, 4.5 km a norte de Viana do Castelo, vindo a naufragar à vista de terra.

Dos 9 tripulantes a bordo, apenas um marinheiro sobreviveu, conseguindo chegar à costa, enquanto os restantes, incluindo o capitão Gerviz, pereceram na tragédia.

Sete dias depois, deu à costa, na praia da Amorosa, na freguesia de Anha, também concelho de Viana do Castelo, 7,5 km a sul do local do naufrágio, um individuo do sexo masculino, do qual se ignorava o nome e se julgava ter de idade cerca de cinquenta anos, com 1.75 m de altura, corpo alvo, alguma barba branca, e um anel, num dos dedos da mão esquerda*.

Foi recolhido e sepultado no adro da igreja matriz da Paróquia de São Tiago de Vila Nova de Anha.
Os destroços do "Adele" e qualquer material que foi recuperado nas praias próximas foram recolhidos e posteriormente leiloados, conforme determinado pela legislação comercial portuguesa da altura.

*“N. 5
Sexo masculino, ignora-se o nome
Aos vinte e quatro dias do mês de Janeiro do anno de mil oito centos e setenta e um, na praia e no sitio d´Amorosa, limite d´esta freguesia de San Thiago d´Anha, Concelho e Distrito Eclesiastico de Vianna do Castello, Diocese de Braga; apareceu morto um individuo do sexo masculino, que se lhe ignora o nome e se julga ter d´edade sincoenta anos pouco mais ou menos; d´altura oito palmos, corpo alvo, alguma barba branca, e um anel em um dos dedos da mão esquerda; é provável pertencer à tripulação do Brigue Françês Adelle, naufragado na praia d´Areosa; tudo o mais se ignora. Foi sepultado no Adro da Egreja d´esta freguesia. E para constar, mandei lavrar em duplicado este assento que assigno. Era ut supra. O Prior António do Castro Pereira”

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Colaboração de Alexandre Monteiro com a APP, texto respigado da página que o autor mantém no Facebook, intitulada "Um Mergulho na História".
Nesse espaço, o arqueólogo náutico e subaquático, também investigador universitário, mantém a secção "Um naufrágio por dia".
É dessa secção que resgigamos o texto que aqui publicamos.

"Um Mergulho na História" trata de "Naufrágios portugueses no Mundo, património cultural subaquático de Portugal e Ilhas, arqueologia náutica e subaquática, piratas, corsários e tesouros, reais, percepcionados e imaginários submersos".
A visitar em https://www.facebook.com/mergulho.historia

Alexandre Monteiro é arqueólogo náutico e subaquático, investigador do HTC-CFE da Universidade Nova de Lisboa e membro da Academia de Marinha.

É pós-graduado em Mergulho Científico, instrutor de mergulho e mergulhador profissional, tendo projectos de arqueologia com as autarquias de Alcácer do Sal, Lagos e Esposende e, no estrangeiro, nos Emirados Árabes Unidos e na Austrália.

É consultor da UNESCO, do governo de Cabo Verde e da Missão de Combate aos Crimes contra o Património Cultural da OSCE.

É, há 25 anos, o criador das bases de dados relativos a naufrágios históricos de Portugal Continental, Açores e Madeira, bem como de Omã e Cabo Verde.

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