Portos de Portugal
Viagem ao Centro do Mundo

Porto de Viana do Castelo,
Alberga o maior estaleiro do País

Porto de Leixões
Referência na Região Norte do País

Porto de Aveiro
Uma solução Intermodal competitiva

Porto da Figueira da Foz
Promotor da Economia da Região Centro

Porto de Lisboa
Atlantic Meeting Point

Porto de Setúbal
Solução Ibérica na Região de Lisboa

Porto de Sines
Porta do Atlântico

Portos da Madeira
O Paraíso dos Cruzeiros

Portos dos Açores
A sua plataforma no Atlântico

Quem Somos

A APP – Associação dos Portos de Portugal é uma Associação sem fins lucrativos constituída em 1991, com o objectivo de ser o fórum de debate e troca de informações de matérias de interesse comum para os portos e para o transporte marítimo.

Pretende-se que a APP contribua para o desenvolvimento e modernização do Sistema Portuário Nacional, assumindo uma função que esteve subjacente à sua criação: constituir-se como um espaço privilegiado de reflexão e de decisão.



Newsletter

Clique aqui para se registar na newsletter.

Clique aqui para sair da newsletter.

Janela Única Logística



Notícias

POR Teresa Barros Cardoso

Pensar o Árctico para Além da Geopolítica

 O gelado Árctico continua a ser um dos pontos escaldantes do mundo, antes de mais, como é próprio da época que estamos a viver, pela imensidade dos seus recursos naturais, energéticos e minerais e que um crescente degelo tem tornado verosímil uma possível exploração a relativamente curto prazo, degelo que, por outro lado, irá permitir também uma crescente intensificação de navios a usarem as suas rotas marítimas com significativas vantagens em tempo despendido e, como tal, também em termos financeiros, assim como, porque tudo o que aí se passa afecta directamente todo o planeta, igualmente em termos Ambientais, incluindo desde questões relacionadas com a saúde dos Oceanos ao que se diz como Alterações climáticas. Mas talvez, por isso mesmo, seja também tempo de pensar o Árctico para Além da Geopolítica.

O Ártico tem atraído olhares dos quatro cantos do mundo, devido à sua localização estratégica, pelos seus recursos naturais e pela operacionalidade das rotas marítimas.

No entanto, as disputas pelo poder e a exploração económica escondem questões importantes, tais como: a vida selvagem singular da região, a cultura e o saber dos povos Indígenas, e o papel do Ártico no clima do planeta. É crucial alterar a forma como o vemos: trocando a geopolítica pelo princípio da precaução.

A Crise Climática no Ártico: Mais do que uma Questão Regional

As alterações no clima estão a ocorrer muito rapidamente no Ártico, que está a aquecer quatro vezes mais depressa do que o resto do planeta. Estas alterações têm graves consequências: o degelo faz subir o nível do mar, altera o clima a nível global e afeta negativamente a vida selvagem (e não selvagem – dependendo do ponto de vista). Além disso, o degelo liberta dois dos principais gases com efeito de estufa responsáveis pelo aquecimento global: o dióxido de Carbono (CO₂) e o metano (CH₂).

Perante esta situação, não faz sentido explorar petróleo e gás natural na região, uma vez que estes têm vindo a contribuir para a crise climática. Esta vontade de explorar tudo demonstra uma visão segundo a qual a natureza é apenas um depósito de recursos, sem consideração pela sua importância e pela forma como tudo está interligado.

Povos Indígenas e o Conhecimento do Norte

O Ártico não é um lugar vazio, sem pessoas – e outros animais – ou sem história. Vários povos Indígenas, como os Inuit, os Sámi e os Nenets, vivem no Ártico há milhares de anos, adaptando-se ao clima extremo e possuindo um conhecimento singular sobre a região.

No entanto, tem sido muito lenta a inclusão da comunidade indígena nos fóruns onde se tomam decisões importantes sobre o futuro do Ártico.

Repensar o Conceito de Soberania

O debate sobre a soberania no Ártico tem tradicionalmente seguido as regras do direito internacional, focando-se no domínio territorial e na utilização de recursos. É crucial repensar esta visão.

A soberania deve ser entendida como um dever de salvaguarda do planeta. Desta forma, o Ártico não deve ser encarado como algo a conquistar, mas sim como um património global comum, cuja proteção requer uma administração conjunta, fundamentada na ciência, no respeito pelos direitos humanos e em práticas sustentáveis. A preservação do Ártico interessa não só aos oito Estados, mas a toda a comunidade mundial.

Conclusão

Pensar o Ártico para além da geopolítica requer uma transformação radical: da ideia de dominação para a de proteção; do interesse puramente estratégico para um compromisso ambiental; da exclusão das comunidades Indígenas para a valorização dos seus conhecimentos.

Que se sigam mais exemplos como o do Inuit Circumpolar Council (Conselho Circumpolar Inuit do Canadá, Conselho Circumpolar Inuit do Alasca e do Conselho Circumpolar Inuit da Gronelândia) que recebeu o estatuto de consultor permanente na Organização Marítima Internacional.

O destino do Ártico não pode ser definido apenas por acordos entre grandes potências, mas deve incorporar um compromisso ético com a proteção do planeta e das culturas que o integram.

Em última análise, a questão principal não é quem detém o Ártico, mas se estamos prontos para defendê-lo e, consequentemente, garantir o futuro para todos.

fonte