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Sardinha ibérica da Costa Atlântica recupera Selo Azul do Marine Stewardship Council
A frota de cerco portuguesa, liderada pela ANOPCerco — Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco, e a espanhola, através da Associação de Organizações de Produtores da Pesca do Cantábrico (OPPs Cantábrico), obtiveram a certificação do Marine Stewardship Council (MSC) para a sardinha ibérica (Sardina pilchardus) da Costa Atlântica.
“Este reconhecimento valida o compromisso de ambas as frotas com a sustentabilidade e garante aos consumidores que a sardinha ibérica capturada por este método provém de fontes ambientalmente sustentáveis e respeitadoras do meio ambiente”, refere uma nota de imprensa do MSC.
A pescaria de cerco “superou uma rigorosa avaliação independente realizada pela Bureau Veritas, iniciada em Setembro de 2024, e cumpre os três princípios fundamentais do padrão MSC: saúde da população de sardinha, impacto mínimo no ecossistema marinho e uma gestão eficaz e transparente da pescaria”, acrescenta.
A sardinha ibérica é um recurso-chave para Portugal e Espanha, com presença desde o Golfo da Biscaia até o Estreito de Gibraltar. Para o ano de 2025 as possibilidades de captura de sardinha foram definidas em 51.738 toneladas, das quais 66,5% (34.406 toneladas) correspondem a Portugal e 33,5 % (17.332 toneladas) a Espanha. As capturas certificadas, abrangidas pelo Selo Azul do MSC, são feitas por uma frota de 317 embarcações especializadas, sendo 132 delas portuguesas e 185 espanholas.
Neste ano, a campanha de pesca da sardinha no Norte de Espanha teve início a 19 de Março, enquanto em Portugal começou a 21 de Abril, prolongando-se até que as respectivas possibilidades de pesca sejam alcançadas. Durante o período de avaliação, as capturas de sardinha, armazenadas por membros do grupo cliente, são elegíveis para ostentar o Selo Azul do MSC, o que “certifica a sua origem sustentável e responsável”.
Este feito foi alcançado graças ao esforço coordenado de toda a cadeia de valor do sector. O grupo certificado integra 15 organizações de produtores de pesca de Espanha e Portugal, bem como três associações industriais portuguesas: ANICP — Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe, ALIF — Associação Nacional da Indústria pelo Frio e Comércio de Produtos Alimentares e APED — Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição. Todas as organizações de produtores portuguesas estão agrupadas na ANOPCerco, enquanto em Espanha estão agrupadas nas OPPs Cantábrico. Esta colaboração exemplar, e única no programa do MSC, entre pescadores, indústria transformadora e distribuidores foi fundamental para alcançar a certificação e avançar para uma pesca mais sustentável e responsável.
Com esta certificação, “a pescaria de sardinha ibérica reafirma o seu compromisso com a sustentabilidade. Até agora, apenas a frota portuguesa detinha esta certificação, suspensa em 2014 face aos desafios na gestão do recurso. Desde então, foram implementadas importantes melhorias, com destaque para o novo plano plurianual de gestão em vigor até 2026, acordado em 2021 entre Portugal e Espanha. Este plano regula as possibilidades anuais de pesca, os períodos de defeso e os limites à pesca de juvenis, entre outras medidas, para garantir uma gestão sustentável e coordenada deste recurso partilhado”.
Com a primeira certificação, em 2010, Portugal criou a Comissão de Acompanhamento da Pesca da Sardinha, um órgão-chave que reúne cientistas, gestores, sector pesqueiro e ONGs. Esta comissão tem sido fundamental na monitorização e adaptação contínua das medidas de gestão, contribuindo de forma decisiva para a recuperação e conservação da sardinha a longo prazo.
“A certificação MSC da pescaria de cerco da sardinha portuguesa é o reconhecimento de um esforço colectivo notável. Chegar até aqui exigiu sacrifícios significativos por parte dos pescadores e armadores — desde longos períodos de imobilização da frota até à redução significativa das capturas, sempre com o objectivo de recuperar o stock e garantir a sustentabilidade do setor. Esta Certificação não é apenas uma distinção ambiental: é a prova de que vale a pena investir na gestão responsável dos recursos e na perseverança das comunidades piscatórias que vivem do mar”, destaca Humberto Jorge, presidente da ANOPCerco.
Por sua vez, Norberto Emazabel, presidente da OPPs Cantábrico, refere que “desde as OPPs do Cantábrico, que estamos convictos, de que o caminho a seguir é trabalhar na sustentabilidade das nossas pescarias, e o selo MSC é uma ferramenta importante para o conseguir. MSC significa para as nossas pescarias visibilidade no mercado, garantia de que os consumidores adquirem um produto sustentável e transparência em todo o trabalho realizado pela sustentabilidade dos recursos pesqueiros por parte da nossa frota portuguesa e espanhola, composta por mais de 300 embarcações”.
Sustentabilidade do recurso
A gestão da sardinha ibérica, vital no ecossistema atlântico-ibérico e fundamental para a cadeia alimentar marinha, exigiu a adaptação contínua das capturas e a aplicação de medidas técnicas para garantir a recuperação do stock e a protecção do ambiente marinho, realça a mesma nota.
Esta certificação resulta da inovação científica, cooperação internacional e do impacto socioeconómico positivo da pescaria. Projectos desenvolvidos pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e pelo Instituto Español de Oceanografía (IEO) trouxeram novos conhecimentos sobre o ecossistema e melhoraram os modelos de gestão. A colaboração entre frotas, cientistas, administrações e empresas de Espanha e Portugal foi essencial para alcançar este reconhecimento. Além disso, a sardinha ibérica sustenta milhares de empregos e representa um pilar cultural e económico para muitas comunidades costeiras.
Nesta avaliação, o padrão de Pesca MSC valoriza a sardinha como espécie-chave no ecossistema, exigindo aos avaliadores independentes uma abordagem mais cautelosa no cumprimento dos critérios ambientais.
Mas, “este não é um ponto final, mas sim uma vírgula num caminho contínuo de melhorias que as frotas deverão continuar a implementar para manter a certificação. Os meus mais sinceros parabéns à frota de cerco espanhola e portuguesa pela liderança demonstrada. Espero que agora os mercados saibam reconhecer e valorizar este esforço pela sustentabilidade que a frota realizou — e continuará a realizar”, frisa Alberto Martín, diretor do MSC para Espanha e Portugal.