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Projecto de investigação de Álvaro Garrido
Homo Oceanus - Mário Ruivo, uma Biografia
Mário Ruivo (1927-2017) foi uma das principais figuras portuguesas do século XX.
A sua acção cívica e política conjugou-se com um trabalho científico e diplomático que marcou os grandes avanços da política internacional sobre os oceanos, o ambiente e o desenvolvimento sustentável. A sua ação persistente e mobilizadora transformou decisivamente a relação de Portugal com o mar e abriu caminho a uma visão integrada e ecológica do Oceano.
Personalidade inspiradora e de grande dimensão ética, alcançou um reconhecimento internacional extraordinário como dirigente de organizações como a UNESCO, a FAO, o EurOCEAN e o European Marine Board.
Antes do 25 de abril Mário Ruivo teve um percurso científico e cívico de grande relevo, sempre empenhado em movimentos de oposição à ditadura, o que lhe valeu a prisão, em 1947, e o exílio. Ainda estudante na Faculdade de Ciências de Lisboa, foi militante do MUD Juvenil; nos anos cinquenta participou no projeto político-cultural da revista Seara Nova; em Roma, entre 1961 e 1974 dirigiu a Divisão de Pescas e Recursos Aquáticos da FAO e coordenou vários programas de desenvolvimento e assistência técnica a países em desenvolvimento. Simultaneamente, teve uma atividade política intensa junto dos exilados políticos portugueses em Roma, Paris e Argel. Em 1962, em Roma, foi um dos fundadores da Frente Patriótica de Libertação Nacional, movimento unitário de oposição ao Estado Novo.
Depois de 1974, regressado a Portugal, Mário Ruivo foi um protagonista de primeiro plano da democracia portuguesa.
Secretário de Estado das Pescas do segundo, terceiro e quarto Governos Provisórios e Ministro dos Negócios Estrangeiros do quinto Governo Provisório, participou ativamente no processo de descolonização, na extinção da organização corporativa e na construção de uma nova administração dos assuntos do mar.
No final dos anos setenta, colocado numa situação indigna na administração pública, Mário Ruivo volta a sair do país e desempenha diversos cargos internacionais de grande relevo, nomeadamente como Secretário Executivo da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, em Paris (1980-1989). Durante esse período, com Mariano Gago contribui decisivamente para o crescimento e internacionalização das ciências e tecnologias do mar em Portugal.
No final do século XX, assumiu um papel fundamental na conceção e organização da Expo’98 e como coordenador da Comissão Mundial Independente para os Oceanos, presidida por Mário Soares. Foi o primeiro presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, criado em 1997.
Personalidade humanista, deixou uma marca indelével e de grande reconhecimento internacional enquanto cidadão, cientista e diplomata. Foi decisivo o seu contributo para o novo regime de governação do Oceano, associado às convenções das Nações Unidas sobre Direito do Mar. Mário Ruivo foi precursor no estudo dos fundos marinhos e da Plataforma Continental.
Num momento em que as sociedades humanas enfrentam uma crise ecológica global e o conhecimento do Oceano se alarga a novas fronteiras e recursos do mar, conhecer a vida de Mário Ruivo e sua ação científica e institucional significa dar expressão a uma ética social de longo prazo. São esses os objetivos fundamentais deste projeto de biografia.
A biografia de Mário Ruivo inclui pesquisa em arquivos portugueses e internacionais: Fundação Mário Soares e Maria Barroso, Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Biblioteca do IPMA; Arquivo de Ciência & Tecnologia da FCT; Arquivos da UNESCO, Paris; Arquivos da FAO, Roma, Laboratoire Arago, Banyuls sur Mer.
Homo Oceanus – Mário Ruivo, uma Biografia é um projeto de investigação e edição que conta com o apoio de diversas entidades: Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Oceano Azul, Delta Cafés, Fundação Engenheiro António de Almeida, Associação dos Portos de Portugal, Câmara Municipal de Ílhavo, Mútua dos Pescadores. A publicação em língua portuguesa terá lugar em 2027 na editora Temas & Debates.
Álvaro Garrido (na foto) é historiador e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Foi Diretor da mesma Faculdade de 2020 a 2024.
Doutorado em História Económica e Social pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e investigador do CEIS20, tem dedicado o seu trabalho a temas de história económica e das instituições, com contributos na história marítima contemporânea e da economia social. As suas publicações encontram-se reunidas em livros, artigos científicos, capítulos de livros, catálogos de exposições e guiões de documentários. Entre 2003 e 2009, foi Diretor do Museu Marítimo de Ílhavo e consultor do mesmo Museu de 2009 a 2018.
Principais livros: Economia e Política das Pescas Portuguesas. Ciência, Direito e Diplomacia nas pescarias do bacalhau (Imprensa de Ciências Sociais, 2006); Henrique Tenreiro. Uma Biografia Política (Temas & Debates, 2009); O Estado Novo e a Campanha do Bacalhau (Temas & Debates, 2ªed., 2010); Queremos uma Economia Nova! Estado Novo e Corporativismo (Temas & Debates, 2016); A Economia Social em Movimento. Uma História das Organizações (Tinta da China, 2018); As Pescas em Portugal (Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2018); Too Valuable to be Lost: Overfishing in the North Atlantic since 1880 (De Gruyter, 2020); Il Portogallo di Salazar. Politica, Società, Economia (Bononia University Press, 2020); Fainas Épicas do Mar Português (Edições CTT, 2022).