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Notícias

Relatório revela que são permitidas actividades prejudiciais em mais de um terço das maiores áreas marinhas protegidas do mundo

Um novo relatório científico, do qual o investigador do MARE Emanuel Gonçalves é co-autor, revela que mais de um terço das maiores áreas marinhas protegidas (AMP) do mundo permitem actividades industriais altamente prejudiciais, como a pesca comercial em grande escala, que é a principal causa da perda de biodiversidade no oceano.

A avaliação, publicada pela Conservation Letters e conduzida por uma equipa internacional de 11 investigadores, analisou a capacidade das 100 maiores AMP do mundo para produzirem resultados positivos em termos de biodiversidade, que representam coletivamente cerca de 90% do total das áreas marinhas protegidas a nível mundial. A investigação avaliou os principais indicadores de sucesso, incluindo a gestão e as actividades humanas permitidas, com base nos critérios estabelecidos pelo “The MPA Guide: A framework to achieve global goals for the ocean", publicado na Science em 2021.

“Este documento mostra que uma grande parte da área que era suposto estar protegida no oceano está, de facto, ainda aberta a algumas das actividades mais impactantes e/ou não regulamentadas nem implementadas. Apesar dos avanços nos compromissos e intenções, a proteção real e efectiva dos oceanos continua a ficar muito aquém do que esses compromissos assumidos. Isto significa que temos de corrigir o que existe e também que temos de fazer diferente avançar, nomeadamente trazendo as normas internacionais da UICN e do Guia de AMP para implementar redes de AMPs com a escala, a velocidade e o impacto necessários para proteger o que resta e recuperar o que perdemos devido à sobre-exploração e a outros impactes no oceano”, explica Emanuel Gonçalves.

As AMP são áreas definidas do oceano geridas para alcançar a conservação da natureza a longo prazo e têm como objetivo proteger e recuperar a biodiversidade marinha, promover ecossistemas saudáveis e resilientes e proporcionar benefícios duradouros para as pessoas e para o planeta. Numa altura em que o mundo se esforça por proteger pelo menos 30% do oceano até 2030 - um objetivo estabelecido por um acordo internacional das Nações Unidas - esta avaliação constitui uma importante chamada de atenção para o facto de que a consecução deste objetivo exige um aumento da quantidade e uma melhoria da qualidade das áreas marinhas protegidas. As conclusões da avaliação levantam questões sobre a eficácia dos actuais esforços de conservação para atingir os objectivos declarados de proteção marinha.

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