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Notícias

Futuro da logística e dos transportes passa pela multimodalidade e intermodalidade

O futuro da logística e dos transportes de mercadorias está a ser moldado por uma série de tendências e inovações que visam melhorar a eficiência, sustentabilidade, automação e integração global das cadeias de abastecimento. Cada vez mais a intermodalidade e multimodalidade são estratégias fundamentais na logística de transporte, oferecendo diversas vantagens para armadores, transitários, transportadores e operadores logísticos. No último dia da Porto Maritime Week foram mostrados alguns bons exemplos de serviços intermodais a operar em Portugal e na Europa, assim como exemplos de colaboração e sustentabilidade na logística intermodal.

Um desses bons exemplos vem de Itália, através do operador logístico Transitalia, que fornece serviços entre Portugal, Espanha, Itália e resto da Europa, ligando os principais portos do Mediterrâneo e Adriático. Segundo os seus responsáveis, «para nós o camião não é uma unidade. O trator é um meio para fazer pequenas distâncias e o semirreboque serve para fazer longas distâncias e poder ser utilizado em outros modos de transporte, como o comboio ou o navio. Atualmente temos cerca de 2.500 semirreboques e o nosso objetivo passa por adquirir ainda mais, potenciando o tráfego intermodal entre os países onde temos presença». A Transitalia prepara-se ainda para inaugurar em 2024 um novo serviço intermodal entre Madrid e o porto de Valencia e no ano seguinte deverá alargar esse mesmo serviço ao Entroncamento, aproveitando a existência das chamadas autoestradas ferroviárias. O objetivo passa por ligar Milão a Portugal, utilizando o camião nas “pontas” logísticas, o transporte marítimo de curta distância entre Itália e Espanha, e depois o comboio entre Valencia e o Entroncamento.

O primeiro painel do último dia da Porto Maritime Week, além da Transitalia, contou ainda com a presença de Vasco Silva, da APDL, e Paulo Niza, da Medway, e a APDL tem sido um excelente exemplo de como uma administração portuária também pode ser um “player” importante na intermodalidade, não se limitando ao seu papel de gestor de infraestrutura portuária. Vasco Silva ressalvou que «existe uma grande preocupação da APDL com as questões ambientais. Termos ficado com a gestão dos terminais ferroviários de Leixões e Guarda é a resposta ao desafio ambiental, mas também permite consolidar a nossa visão, que é ibérica. A gestão dos terminais ferroviários tem sido desafiante, apesar de a Guarda ainda não estar a funcionar. Agora pretendemos agilizar a comunicação entre terminais e porto, para que seja “win-win”, combater os processos morosos e as ineficiências relacionadas com a burocracia, assim como apostar na simplificação e agilização das operações intermodais».

Já Paulo Niza, da Medway, anunciou que a Medway foi a empresa escolhida para realizar a tração da futura autoestrada ferroviária que ligará o porto de Valencia a Portugal, mostrando que a empresa portuguesa está comprometida com o tema da intermodalidade. Por outro lado, recordou que atualmente já existe um serviço de “gasoduto ferroviário” que distribui LNG em todo o país e que utiliza o comboio na maior parte do seu trajeto entre Sines, Entroncamento e o norte, e depois o camião, no chamado “last mile”. Niza disse também que a estratégia da Medway passa pela redução das emissões de carbono, tendo começado a emitir certificados de transporte sustentável aos seus parceiros. A recente parceria firmada com a Renfe, que irá permitir à Medway passar de uma quota de mercado de 13% para 70% na Península Ibérica, a aposta na gestão de terminais ferroviários em Espanha foram outros temas abordados pelo responsável e a aquisição de novo material circulante foram outros dos temas abordados.

O segundo painel contou com a participação de Jors Bosvelt, representante da CLdN, que apresentou a estratégia do armador para os próximos anos, revelando que a empresa pretende investir numa nova geração de navios Ro-Ro, com maior capacidade, flexibilidade e ambientalmente mais sustentáveis. De acordo com Bosvelt «ter navios maiores significa que conseguimos otimizar as emissões de CO2, comparativamente com navios mais pequenos». Por outro lado, o armador está a apostar numa estratégia de descarbonização, através da transição para combustíveis alternativos, significando que já é o operador Ro-Ro no sul da Europa com melhores ratios de emissões de CO2 por tonelada de carga transportada. Jors Bosvelt anunciou ainda que a CLdN também já oferece serviços intermodais, um dos quais liga a cidade do Porto a Poznan, na Polónia, utilizando o comboio e o camião e poupando cerca 4,2 milhões de toneladas de CO2.

Também a WEC Lines, que esteve representada por Caesar Luikenaar, está empenhada em desenvolver os seus serviços intermodais, contando com uma vasta rede de serviços de transporte marítimo de curta distância, que em Portugal serve os portos de Sines, Setúbal, Lisboa, Figueira da Foz e Leixões. Para aquele armador, «os serviços intermodais sustentáveis são uma vantagem que nos permite ganhar competitividade e oferecer soluções logísticas mais abrangentes».

Outro dos participantes no painel foi Jaime Gonzalez, da Ewals Cargo Care, uma empresa especializada em logística e transporte, com foco em soluções de transporte intermodal, multimodal e rodoviário e que fatura, anulamente, cerca de 700 milhões de euros. Apesar de ser um operador que presta, na sua maioria, serviços rodoviários, a Ewal está emprenhada em «reduzir ao máximo o número de quilómetros percorridos por camião», acrescentando que Portugal é um país ideal para se apostar no transporte intermodal, uma vez que está ligado à rede transeuropeia de transportes e ao Corredor Atlântico, que permite a ligação da Península Ibérica a toda a Europa.

O último orador da sessão foi Egídio Lopes, da KLOG, empresa portuguesa que é, provavelmente, um dos operadores logísticos europeus que mais aposta na intermodalidade. Egídio Lopes, CEO da KLOG, anunciou o último projeto da empresa, que passa por oferecer “corredores verdes” de transporte aos seus clientes: «este projeto prevê colmatar aquilo que nos faltava: fazer o last mile rodoviário sem recurso a veículos diesel» referiu Egídio Lopes. Para que isso aconteça, a KLOG começou a realizar testes com camiões elétricos de diferentes marcas, não só em Portugal e Espanha, como também na Polónia. O operador português irá avançar com a utilização de 10 camiões elétricos/ano e espera que dentro de três anos já possuirá 30 camiões elétricos, permitindo-lhe realizar os fretes em todo o seu percurso com recurso a modos de transporte ambientalmente sustentáveis, como o comboio e o camião elétrico.

A PORTO MARITIME WEEK, uma iniciativa do TRANSPORTES & NEGÓCIOS, levou mais de 300 profissionais ao Porto de Leixões e muitos mais seguiram o evento online.

Ao longo de uma semana, realizaram-se sete sessões e 12 painéis, com a participação de 60 oradores, nacionais e estrageiros.

A próxima edição decorrerá entre 23 e 29 de setembro do próximo ano, de novo no Auditório Infante D. Henrique, em Leixões.