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VIAJANDO PELA HISTÓRIA | 1846

De Lisboa a Faro, por Castro Verde: 41 léguas

Três dos itinerários propostos no «Guide du Voyageur en Espagne et en Portugal», de 1846, cruzam o Algarve: de Lisboa a Faro, por Castro Verde; De Faro a Castro Marim, por Tavira; e de Faro a Lagos.

A viagem de Lisboa a Faro, por Castro Verde, compreendia 41 léguas. Depois de sair da capital do reino, o passageiro aportava na pequena aldeia da Moita, onde os habitantes se dedicavam à pesca e à agricultura, produtos que vendiam depois em Lisboa.

Seguidamente, os viajantes iriam encontrar belas planícies cobertas de oliveiras, videiras e trigo; junto às linhas de água, a vegetação não esperava pela mão do homem, as plantas de climas equatoriais cresciam por conta própria, como se acusassem a sua negligência e ignorância.

As aldeias eram aqui ainda mais raras do que nas estradas do norte e centro do país. O primeiro e mais importante lugar no itinerário seguido, de aldeias pequenas e insignificantes, era Aljustrel. Uma localidade que parecia bastante povoada, num bonito vale no sopé das serras.

Três horas depois, sem aldeias e atravessando belas planícies, atingia-se Castro Verde, uma pequena povoação, com 2100 habitantes, onde, na ribeira de Cobres, o viajante podia pescar muito bom peixe. Como curiosidades, em Castro eram elencadas a igreja e o bonito hospital.

O trajeto seguia para Almodôvar, durante três horas, sem encontrar venda alguma, apenas atravessando planícies férteis, mas mal cultivadas. «É isso que é oferecido aos olhos do viajante», rematava o entendido guia.

Almodôvar foi considerada uma localidade admirável, pela sua localização pitoresca num belo vale, no sopé da serra do Caldeirão, sendo-lhe atribuída uma população de 2500 habitantes.

A partir de então, o percurso era feito na serra algarvia, com paragem na Corte Figueira (freguesia de Santa Cruz, Almodôvar). Vilarejo sem importância, mas indispensável para renovar as provisões, afinal era «necessário caminhar por seis horas sem ter a certeza de encontrar algo para comer até Loulé», seis léguas depois.

«Loulé, grande povoação na província do Algarve, situada numa colina coberta de madeira e à beira de uma montanha que contém uma rica mina de prata. Não muito longe, há outra mina de cobre. Existem várias igrejas em Loulé e um hospital. População 8250 habitantes». Curiosa a referência de uma mina de prata nas imediações da localidade, inequívoca é hoje a de sal-gema, mas então nem em sonhos a mesma se vislumbrava.

A paragem seguinte, depois de percorridas 2 léguas, era Faro, onde se chegava por um declive suave, após magníficas encostas. Descrita como cidade principal, sede de comarca e de bispado, estava situada numa rica planície, na foz do Valeformoso, «um belo rio que se eleva não muito longe dali, na encosta sul da Serra Caldeirão, e flui para o oceano, onde se forma o porto de Faro».

Cidade bem construída, com belas ruas e cercada por muros. Como curiosidades, foram elencadas a catedral, alvitrada como vasta e de boa arquitetura, a bela praça, a igreja paroquial, simples e nobre, o colégio, o seminário e o hotel.

O porto, tido como seguro, era defendido por uma cidadela. Relativamente ao comércio, destacava-se a grande exportação de laranjas, sumagre, cortiça e frutos secos. Tinha importância a pequena cabotagem e a pesca. A população era de 7600 habitantes.

O percurso de Faro a Castro Marim compreendia 8,5 léguas: cinco até Tavira; mais uma a Cacela; e depois 2,5 até ao término do percurso. «Deixando Faro, viajamos na encosta sul da longa cadeia de serras que partilham as províncias do Algarve e Alentejo, a estrada, sem ser muito boa, é agradável pelos belos pontos de vista de que desfrutamos. As cinco horas que temos de percorrer a distância entre Faro e Tavira fluem muito rapidamente».

ARTIGO PARA LER NA ÍNTEGRA AQUI