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Notícias
GENTE DOS PORTOS
Cardina: minúcia, teimosia e eis um museu do Porto Santo
Há muitos anos que José Cardina trabalha no Porto do Porto Santo como agente de exploração. Mas, paralelamente, sempre desenvolveu outros projetos, incluindo um restaurante, o conhecido “Estrela do Norte”.
E foi quando fez a recolha de elementos que retratassem um pouco da História Etnográfica do Porto Santo para expor no restaurante que José Cardina “quis algo maior. Gosto de fazer tudo à grande, não tenho medo de aventuras e quis fazer um museu!” E fez, no norte da ilha de Porto Santo, na Camacha, inaugurado em 2006 pelo então Presidente do Governo Regional.
Gastou quase 300 mil euros e 20 anos de um trabalho rigoroso, minucioso, forjado com uma “paciência chinesa.”
Num edifício de dois pisos, feito por ele de raiz, encontramos no rés do chão, a eira e debulha do trigo, artefactos da caça, pesca, agricultura, os moinhos, vários tipos de lagares e ferramentas de carpintaria, dando a ideia não só do trabalho duro da época, mas também de um período de cinco séculos de cultura dos cereais, primeira a cevada, depois o trigo e a seguir o centeio.
Algumas destas peças têm mais de 100 anos e são referência a uma época muito mais antiga. E no centro está a réplica em tamanho real do último moinho que funcionou no Porto Santo. Tudo trabalha da mesma forma, segundo José Cardina, com “mós para a moenda trigueira e para a moenda alva, para deixar a farinha mais fina.”
No primeiro piso, estão réplicas e uma série de artefactos recolhidos, recuperados ou elaborados por Cardina. São miniaturas feitas à escala 1,5. Há miniaturas de 16 fontenários da ilha construídos com as mesmas pedras originais e fruto de um levantamento rigoroso, feitos ao pormenor e fiéis aos modelos reais.
Neste museu está em grande parte presente a etnografia da ilha do Porto Santo e é também a prova da teimosia de José Cardina que achou que o seu sonho “seria uma mais valia” para a ilha onde nasceu.