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Granja: Uma jóia que está a ser descoberta

"A Granja é uma povoação diamante, uma estação bijou, uma praia de algibeira." Isto dizia Ramalho Ortigão em 1876. Um século e meio depois, essa é a sensação que ainda temos: a Granja é um diamante, que vai sendo polido aos poucos. Primeiro, a avenida marginal, que foi completamente remodelada na última década, com passeios largos e pista para bicicletas, o passadiço de madeira que se estende pelas dunas até Espinho, sítio ideal para caminhadas matinais. É uma praia moderna.

Mas quando se entra pelo encruzilhado de ruas que se estende até à linha do comboio é como se viajássemos no tempo. Poucos carros, muitas árvores, ruas vazias, muros que tapam jardins, palacetes antigos. Já há alguns prédios novos, com apartamentos, mas o que há mais é vivendas, algumas em muito mau estado, outras que estão a ganhar vida nova. Três gruas enormes cortam os céus. Ouvem-se betoneiras, homens a trabalhar por trás de tapumes. Os anúncios de imobiliário publicitam moradias e "casas senhoriais" à venda por mais de um milhão de euros. A Granja está a ser redescoberta.

Isso mesmo confirma Vítor Pereira, 59 anos, que vem do Arcozelo, ali ao lado, passear até ao miradouro da Granja, quase todos os dias. Lembra-se ainda dos tempos áureos da praia, antes do 25 de Abril - "até Salazar vinha para aí", conta. "Só saía de casa quando ouvia o apito do comboio pronto a partir." Isso era no tempo em que havia barracas na praia e no mar abundava o peixe, o polvo, o caranguejo. "Brinquei muito aqui nesta praia, quando era grande, tinha muita areia. Mas o mar puxava muito." Havia uma corda que entrava pelo mar, aonde a criançada se agarrava para não sucumbir às ondas grandes do mar do norte.

"O mar era indomável, a praia pedregosa e a água um glaciar, pelo que todo o incauto que mergulhasse desprevenido corria o risco de congestão por choque térmico, de modo que a inauguração da piscina foi um êxito", lembra a escritora Rita Ferro (neta de António Ferro) no seu livro de memórias A Menina É Filha de Quem?. A piscina, de água salgada, junto ao areal, foi inaugurada em 1942, ainda existe e foi remodelada. A ela se juntou uma piscina coberta, onde os miúdos das localidades próximas aprendem a nadar. Bem mais seguro do que o mar.

No concelho de Vila Nova de Gaia, a uma dezena de quilómetros do Porto, a Granja começou por ser uma estância de convalescença e de repouso, propriedade dos frades do Mosteiro de Grijó, no século XVIII. No final do século XIX, tornou-se local de veraneio frequentado pela nobreza e até pela corte: a rainha D. Maria (que chegou a pintar os barcos e os pescadores em alguns dos seus quadros) e o infante Afonso, assim como D. Carlos e a rainha D. Amélia, entre outros. Não por acaso, em 1876 foi ali assinado o Pacto da Granja, que funda o Partido Progressista.

A povoação funcionava quase como um clube privado. Os escritores Eça de Queirós (que hoje é nome de rua na Granja), Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Antero de Quental e Ramalho Ortigão foram alguns dos que se deixaram encantar por aquela que era, segundo os testemunhos da época, "a mais aristocrática estância de veraneio do Norte de Portugal". Depois da praia e da sesta, organizavam-se passeios e piqueniques. À noite, os clubes enchiam-se em soirées animadas, com jogos de cartas. A vida social era uma parte importante da "ida a banhos". "Os banhistas da Granja conhecem-se todos, apertam-se a mão, frequentam as casas uns dos outros, vivem finalmente em família", contava Ramalho Ortigão.

Mais tarde, também Sophia de Mello Breyner haveria de passar lá muitos verões, em casa da avó - a casa que aparece no poema Casa Branca. A Granja, "de grandes areais e grandes vagas", que segundo a escritora também serviu de inspiração para A Menina do Mar, aparece em contos e poemas. Como aquele que está nas paredes do restaurante Barraquinha - conta-se que no restaurante antigo, que foi demolido em 2010 para dar lugar a este novo edifício, a poetisa gostava de se sentar numa mesa voltada para o mar , a escrever: "De todos os cantos do mundo/ Amo com um amor mais forte e mais profundo/ Aquela praia extasiada e nua/ Onde me uni ao mar, ao vento e à lua."

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