Portos de Portugal
Viagem ao Centro do Mundo

Porto de Viana do Castelo,
Alberga o maior estaleiro do País

Porto de Leixões
Referência na Região Norte do País

Porto de Aveiro
Uma solução Intermodal competitiva

Porto da Figueira da Foz
Promotor da Economia da Região Centro

Porto de Lisboa
Atlantic Meeting Point

Porto de Setúbal
Solução Ibérica na Região de Lisboa

Porto de Sines
Porta do Atlântico

Portos da Madeira
O Paraíso dos Cruzeiros

Portos dos Açores
A sua plataforma no Atlântico

Quem Somos

A APP – Associação dos Portos de Portugal é uma Associação sem fins lucrativos constituída em 1991, com o objectivo de ser o fórum de debate e troca de informações de matérias de interesse comum para os portos e para o transporte marítimo.

Pretende-se que a APP contribua para o desenvolvimento e modernização do Sistema Portuário Nacional, assumindo uma função que esteve subjacente à sua criação: constituir-se como um espaço privilegiado de reflexão e de decisão.



Newsletter

Clique aqui para se registar na newsletter.

Clique aqui para sair da newsletter.

Janela Única Logística



Notícias

EU GOSTO É DO VERÃO!

Tamariz: Na areia já não há classes sociais

Óculos de sol, baldes de praia, pranchas de esferovite, toalhas com galos de Barcelos, relógios de qualidade duvidosa, protetor solar. Atravessamos o túnel que passa por baixo da linha do comboio e que nos leva do jardim do Estoril até à praia do Tamariz, pedindo licença por entre banhistas de chinelos acabados de sair do comboio e passando junto às lojas de traquitanas, antes de sequer vislumbrar o mar.

Chegados ao outro lado do túnel, saímos da penumbra piscando os olhos. No paredão, em hora de ponta, é quase impossível circular, com a quantidade de gente em bicicleta ou a pé, em corrida ou em lânguidos passos de quem acabou de sair da praia.

Depois da tal visita do rei, a vila de Cascais cresceu e com ela as terras vizinhas foram-se cobrindo de chalés Monte Estoril, São João e Santo António - é aqui que ficam dois fortes importantes para esta história.

O Forte de Santo António do Estoril foi adquirido no final do século XIX por Ernesto Driesel Schröter e transformado num palacete de verão. Os tamarindeiros plantados então junto à casa acabaram por lhe dar o nome de Tamariz, que se estendeu à praia. O Forte de São Roque foi destruído com a criação da linha férrea mas parte da estrutura foi aproveitada na construção de uma nova moradia, que ainda hoje resiste e é um dos emblemas da praia do Estoril. Ao mesmo tempo, ali ao lado, na praia da Poça, nasceu uma estância termal para aproveitar as qualidades daquelas águas e daquele sol. Foi o início do Tamariz.

Na altura, as classes não se misturavam. A burguesia lisboeta ficava logo a seguir à Torre de Belém, enquanto a aristocracia se encontrava mais perto de Cascais. O século XX foi o da implementação desta ideia de turismo de luxo na "Costa do Sol". Em 1930, pouco depois da inauguração do Palace Hotel, o famoso Sud-Express passa a terminar a sua viagem não em Lisboa mas na estação do Estoril. O Casino foi inaugurado em 1931. Dez anos depois, a Marginal permitia fazer a viagem de carro entre Lisboa e Cascais, junto à costa. Pelo meio, a Segunda Guerra Mundial.

Lisboa e o Estoril tornaram-se refúgio de clima ameno para gente endinheirada de toda a Europa. "As esplanadas apresentam-se concorridas durante o dia, e à noite os salões do Casino enchem-se de homens e mulheres em elegantes trajes de noite, que dançam ao som das orquestras de jazz-band e que apostam alto nas mesas de jogo", conta Margarida de Magalhães Ramalho.

Com os estrangeiros vieram novos hábitos e mentalidades arejadas. E fatos de banho cada vez mais pequenos, que faziam furor nas praias do Estoril. Terá sido muito por causa disso que em 1941 foi promulgada legislação sobre as roupas a usar pelos banhistas, instituindo um "sistema de fiscalização e sanções a aplicar aos transgressores". E ainda nem havia biquínis.

Em 1949, foi no Tamariz que Santini abriu a sua primeira loja de gelados. Depois, apesar de ainda ser um local da elite, aos poucos o Tamariz vai-se democratizando, tendência que se acentuou nas últimas décadas. Uma inevitabilidade. Hoje em dia, é uma das mais concorridas praias da Linha de Cascais. "Não se pode dizer que haja um turista típico do Tamariz", garante João Pedro, camisa branca e avental preto, a servir à mesa numa das esplanadas já há mais de 20 anos. "Há os turistas estrangeiros que estão nos hotéis, há muita gente que vem de comboio de Lisboa, há as pessoas que moram aqui perto. É uma praia para todos."

Até para quem não quer fazer praia. Ignorando os banhistas que se equilibram nas pedras e os miúdos que se atrevem em acrobáticos saltos para a água, José atravessa todo o pontão carregando ao ombro a enorme cana de pesca. Coloca a minhoca no anzol sem esperança: "Peixe? Nãããã. Às vezes há uns peixinhos pequenos que picam, mas coisa pouca. Isto é só para passar o tempo." Isso ou aquela superstição de pescador que nunca fala da sua sorte.

fonte