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HISTÓRIAS COM NAVIOS | POR JOSÉ PAULO SARAIVA CABRAL

Porta-contentores que quase virou ao zarpar

[ Na vida profissional encontramos frequentemente a terminologia e as expressões da marinharia e convivemos com as leis da física e da engenharia naval. Algumas das histórias são engraçadas, mas o mais interessante é confrontarmos a realidade do dia a dia com os conhecimentos sobre navios que acumulamos na parte de trás das nossas cabeças.
As crónicas são apontamentos da vida de peritos navais, tão verdadeiras quanto o permite citá-las de memória, mas estão totalmente descaracterizadas no respeitante aos navios, comandantes, personagens, portos e nacionalidades. ]


Caso: navio porta-contentores ao cais com a carga completa e a marca de bordo livre de bombordo submersa uns 5 cm. Estiva completa, contentores do convés peados e navio pronto para zarpar. Contra a vontade do comandante, o navio não pode sair, decidiram as autoridades. E bem, porque tinha a marca de bordo livre submersa. Umas horas mais tarde, depois de umas manobras de líquidos a bordo, a marca de bordo livre de bombordo estava fora de água, mas a de estibordo ficou submersa os tais 5 ou pouco mais centímetros. O navio estava, de facto, inclinado a um bordo; pouco antes estava também inclinado, mas para o outro bordo…

Vem o perito: analisa o plano de carga, conversa com o comandante, pergunta sobre a situação dos tanques, lastro a bordo, pede a documentação técnica para calcular a estabilidade, verifica os cálculos. Nada de anormal. Com este plano de carga e estes líquidos a bordo a estabilidade está boa. Mas o facto é que* quando o Comandante tenta equilibrar com lastro, o navio cai para o outro bordo, adquire um ângulo crítico de estabilidade; só pode ser estabilidade negativa! Assim sendo, tudo indica que só pode ser erro nos pesos indicados para cada contentor e, em vez de ter os mais leves em cima, como indicado no plano de carga, estão muitos dos mais pesados nas fiadas superiores.

Com esta presunção, confirmada que foi a condição dos tanques, tomou-se opção algo arrojada: descarrega todos os contentores e pesa-os um a um. Refaz todo o carregamento.

Constataram-se, de facto, enormes discrepâncias nos pesos indicados para os contentores. 7 t num contentor, 5 t noutro, tudo somado, pode dar muitas toneladas lá por cima, e foi o que aconteceu. Reestruturou-se o plano de carga e reembarcaram-se os contentores. Ficou tudo em ordem.

Conclusão: prejuízo elevadíssimo; atraso; operações adicionais em porto. Mas evitou-se o que poderia ter vindo a ser um acidente gravíssimo, o navio virar no mar... Nessa mesma noite o Comandante desembarcou e veio outro e o navio zarpou sem mais incidentes. Do primeiro comandante não se soube mais nada, depreendeu-se, como se costuma dizer, que foi à vida…

POR JOSÉ PAULO SARAIVA CABRAL (engenheiro naval)

 José Paulo Ferreira Saraiva Cabral é formado em engenharia naval na University of Strathclyde em Glasgow, Escócia, em 1971. Serviço militar na Armada, passou pela Guiné-Bissau. Professor efetivo de Arquitetura Naval na Escola Náutica Infante Dom Henrique durante oito anos. Fundou e geriu a empresa de peritagem e consultoria Navaltik Portugal, com inúmeros projetos nacionais e internacionais.
Autor do livro “Arquitetura Naval - estabilidade, cálculos, avaria e bordo livre”, já fora de circulação. Autor dos livros “Organização e Gestão da Manutenção, dos conceitos à prática” e “Gestão da Manutenção de Equipamentos, Instalações e Edifícios”, publicados pela LIDEL, o primeiro em 6ª e o segundo em 4ª edição.

Lançou, em Março de 2023, o livro “O Navio e as instalações de bordo”.




 

















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